quinta-feira, 28 de junho de 2012

Escolhas


 Eu estava vendo agora um vídeo do Phil Collins de 1985.

Pensei, depois de vê-lo cabeludo, animado, jovenzao: “como ele mudou, nossa!“

A vida nos muda ou mudamos na vida, ou os dois!

A diferença é que não há uma câmera filmando cada um de nós para gravar as diferenças do que fomos e do que somos hoje.

Uma das maiores benções de estar vivo é poder mudar! Bem, não morri ainda para comprovar se na morte há mudanças, creio que sim! rs

Estamos a mercê de muitas coisas, mas na maioria das vezes temos o poder da escolha.

Atualmente tenho a consciência de que o meu hoje é exatamente fruto de minhas escolhas. Todo não e sim que recebi, escolhi lá atrás, coisas simples e bobas definem o meu hoje.
Se eu faria inglês na escola, se eu praticaria basquete, se eu estudaria biologia, se eu escolheria ler um artigo sobre aquecimento global, se eu terminaria um namoro problemático, quem eu escolheria como companhia, que tipo de lugares eu freqüentaria, quanto eu me dedicaria para uma prova....

Por exemplo, hoje não somos obrigadas a nos casar, casamos quando e se quisermos.

Escolhemos a profissão, a universidade, o emprego, a comida, o carro....e por ai vai, escolhemos quase tudo!  Uma bênção!

Temos a opção de escolha.

Escolhemos hoje e colhemos amanhã! Temos liberdade para isto. Escolhemos o que desejamos, mas a colheita geralmente é uma só.

O ideal seria se fôssemos como um copo vazio que ao longo da vida se preencheria, mas nunca se completaria...no qual sempre caberia novas idéias e mudanças...

Enquanto num copo cheio, tudo que tenta entrar cai pelas bordas....

Triste a vida seria se nada mudasse, se fôssemos sempre os mesmos, se o mundo estivesse nos mostrando escolhas novas e escolhêssemos permanecer na mesma.

Fico grata pelos cabelos brancos que já aparecem, por perceber que a vida muda e eu mudo também, por dentro e por fora. Recebo de braços abertos a idade trazida pelos novos dias e com eles, as novas possibilidades de escolha, sinal de que não estamos parados!

E vida longa e cheia de mudanças a todos nós e ao Phil Collins também! =)



quinta-feira, 21 de abril de 2011

Últimos dias na Tailândia

Aqui publico um email que escrevi para alguns familiares e amigos ao fim da minha viagem a Tailândia, falando do que vi e um pouco do que aprendi.
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Chego ao fim desta minha viagem, hoje é o último dia de Tailândia desta vez.

Amanha já passarei o dia nos aeroportos da vida. De Chiang Mai vôo pra Bangkok, dai pra Mumbai, dai pra Londres, de lá pego ônibus pra Cambridge e daí pego um taxi pra casa! Iupiiiii!!!!

Já sinto que está na hora de ir pra casa. Depois de tanto trabalho duro, senti cansaço e saudade de casa que nunca ficou de lado completamente.

Saio daqui com meu coração transbordando de alegria, de aprendizado, de bagagem acumulada e de boas recordações.

Nossa, tenho tanta coisa boa pra contar, vi tanta coisa ótima e tanta coisa que precisaria ser mudada no mundo, aprendi muito e volto ainda mais determinada a seguir firme na busca por um mundo melhor pra todos: homens e animais.

A fundadora da ONG dos elefantes se chama Lek e não posso pensar nela que tenho vontade de chorar de emoção literalmente. Ela é pequena de tamanho como o apelido “Lek” já diz, significa “pequeno” em
tailandês, mas é infinita na bondade!

Ela nos mostrou um vídeo sobre elefantes e sua situação na Tailândia e conversou com meu grupo por uma hora mais ou menos. Eu nem pisquei nas palavras dela, pois são contagiantes. Eu queria muito chorar enquanto a ouvia, mas não chorei, pois não pararia.

Sabe quando a pessoa te emociona por ser tão boa de coração? Ela é assim, contagia todo mundo sem fazer nada de especial.

Ela entrou na sala de vídeo e 4 cães a seguiram, dois subiram em cadeiras, se ajeitaram e dormiram – foi muito engraçado! Os outros dois se espalharam pelo chão mesmo. Onde ela vai, eles vão junto! Hehe

Eu não chorei na hora como lhes contei, mas depois de 6 semanas tendo boas risadas, sinto que preciso chorar de felicidade também!

Não sei o que mais me fez feliz aqui...se os bons amigos que fiz - topei com tanta gente jóia e as que não eram jóia acho que não ficaram perto de mim, graças a Deus. Pessoas que vão deixar saudade e bons momentos marcados.

Se foi fazer parte de bons atos, de ajudar gente que só quer fazer o bem, como no projeto dos gibões ou no dos elefantes...  

Se foi conhecer mais da cultura do budismo, viver num mundo leve e sorridente, gentil e honesto. Outra vez a sorte esteve comigo: todo troco a mais que dei foi devolvido, tudo que quis fazer deu certo, se não fiquei no melhor quarto na ONG dos elefantes, achando que seria má sorte...estava enganada de novo: fiquei na casa de bambu, com frestas por todo lado, chão que balançava ao pisar, mas era o único lugar com chuveiro quente! =)

Eu sei que nada é perfeito, mas o mundo me sorri por aqui. Talvez porque eu sorrio pro mundo, talvez por que sou sortuda, talvez por que Deus gosta de mim e me reserva uma vida cheia de bons desafios ainda...ou talvez porque eu escolho ver o mundo colorido.

Nem sempre vejo a cor do mundo, muitas vezes é a realidade dura que está em todo lugar que vejo, mas bons momentos como estas 6 semanas que chegam ao fim, me dão força pra continuar firme e forte!

Tem gente que fala que eu não tenho senso de humor...coisa que vem desde minha época de cursinho – tempo de estresse e desafio – acho que não tinha senso de humor mesmo aquela época! Hahaha

Mas aqui as pessoas me falam que vão sentir falta das minhas risadas e dos meus momentos engraçados. Escutei tanta palavra linda, ganhei presentes de despedida de pessoas que nem falavam inglês.

Ser útil é ser feliz! E nada melhor que estar rodeada de animal por todos os lados. Eles são anjos peludos ou com pele grossa ou cobertos de penas, mas estão aqui pra dar graça ao planeta!

Em trabalhos voluntários o negócio é vir com o coração aberto e pronto pra receber os desafios, que são muitos e constantes! Mas o resultado vale a pena. Mais amigos espalhados pelo mundo, mais conhecimento de culturas e povos e a sensação de ter contribuído.

No final da semana na ONG dos elefantes eu senti o cansaço das quase 6 semanas longe de casa. Minhas mãos tinham calos, estavam grossas, minhas roupas sujas, meu cabelo seco feito palha (exagero! haha), minha perna cheia de roxo...meu corpo precisava de folga, mas minha mente estava feliz! =)

Depois da mensagem da Lek, que contarei a vocês em detalhes outro dia, o que fica desta ultima semana é a mensagem dos elefantes.

Todos os que estão no parque foram resgatados do trabalho do corte ilegal de árvores e das agências de trilha de elefantes – acho que o maior turismo tailandês é fazer trilha nas costas dos elefantes, andar pelo mato, pelos rios nas costas deles e etc.. (o que acontece na Índia, Miamar, Laos, etc)

Bem rápido só pra explicar de leve: pra um elefante ser domesticado, ele sofre muito quando pequeno. O treinamento tradicional é brutal – amarram o animal por semanas em cercados do tamanho exato do seu corpo, batem neles sem parar, geralmente uns 5 a 15 homens pra dar conta. Depois da tortura soltam o animal da jaula, mas mantêm eles em correntes...mais tortura...e no final de tudo, o cerne do elefante se perdeu na violência.

É comum e corriqueiro eles serem cegos de um olho pelo menos pra facilitar o treinamento.

O mahout, que é o homem que vive com o elefante a vida toda, pode ser gentil ou não, e no caso da maioria, eles usam ganchos que machucam pra fazer o animal obedecer...

Não é lenda, o mais comum de tudo é ver elefantes serem guiados por mahouts com um cajado e gancho na ponta.

Depois de anos assim os elefantes ainda nos amam e são gentis. Vivem conosco, trabalham pra nós e nos perdoam.

Há elefantes cegos na ONG, há elefantes com meio pé, pois o resto explodiu na mina que ele trabalhava, há elefante com o quadril todo torto, pois quebraram seus ossos e ainda o punham pra carregar madeira.

Há elefantes que viram seus filhos morrerem na sua frente, pois não podiam parar de trabalhar pra alimentar o bebe... e há órfãos que viram suas maes morrerem de tanto trabalhar...

Elefantes são como a gente, tem um forte laço social, ficam de luto pelos que morrem, são inteligentes e perdoam como ninguém.

Eles são gigantes gentis. Com toneladas de peso que podiam me esmagar num segundo, eles me tocavam com a tromba, me olhavam com olhos cheios de pensamentos, aceitavam a minha curiosidade e o meu medo de ser esmagada...

Eles se deixam comandar...

Eles jamais esquecerão que seres humanos foram os responsáveis pelas suas torturas, mas sabem perdoar e aceitam os que não os causam dano.

Como dizem: elefantes jamais esquecem...e adiciono mais duas palavras: elefantes jamais esquecem,  mas perdoam!

Um dia conto pra vocês tudo que aprendi deles nesta semana. Um dia pedi pra ficar o dia todo com um mahout e aceitaram. Acordei as 6 da manha e segui o Tony, um mahout da Bélgica que está cuidando da Jarunee por 3 meses e treinando um dos elefantes bebe do parque.

Ele não usa violência como vocês podem imaginar, ele usa a mesma técnica de reforço positivo que aprendi na ONG em Munique. Ele nem toca na elefantinha, mas ela já sabe erguer o pé, ir pra frente e pra trás, dar a tromba etc. Tudo pelas bananas que recebe! Hehehe

Elefante aqui é como cão, se pode ter em casa, se pode comprar e vender...e a única forma de se conviver com eles é educando. Uma vez que já não há quase floresta pra que eles vivam soltos, o jeito é ter certa educação e um mahout que lhes ama de verdade.

A Jarunee foi cega de um olho quando trabalha com turismo se não me engano, daí no parque mesmo o antigo mahout não cuidou do olho bom que não era tão bom assim e então ela ficou cega de vez. O mahout foi despedido e agora o Tony está com ela.

Os mahouts do parque são birmaneses resgatados do campo de refugiados. A Lek os busca e lhes dá nova chance de vida. Muitos, como este ex mahout da Jarunee, não entendem o treinamento de não violência ou de amor, o que continua sendo um desafio pra Lek mesmo em seu parque.

Lá ninguém bate nos animais, muito menos usam cajados ou ganchos...mas ela espera mais, mais cuidado, como o de evitar que um elefante perca a visão do olho por desleixo.

Só pra constar, tem um mahout que todo dia dá uma flor pro seu elefante no parque! Tenho até foto pra mostrar. =)

Eu fiquei com a Jarunee por um dia, como ela é cega era ainda mais perigoso, pois ela poderia me esmagar sem me ver que estava em cima de mim.

Só sei que meus olhos se encheram de lágrimas ao passar pelo recinto dela no último dia...eu já sabia que fruta que ela gostava, já me via colhendo figo no pé e procurando o Tony no campo pra dar as frutinhas pra ela.

Eles são assim: super fáceis de amar e difíceis de largar!

Depois de viver entre 70 cães soltos, gatos por todo lado, urso, cavalo, búfalos e elefantes...voltar pra cidade fica meio sem graça, mas é assim que deve ser por enquanto.

Levo tanta coisa maravilhosa desta viagem e um coração tão cheio de felicidade que só posso agradecer à
Deus sem parar e à todas as pessoas e coisas que me fizeram estar aqui agora...meus pais, minha família, meu marido que me apóia em tudo e mais um pouco, meus amigos, meus cães que me mantém saudável  e com a mente limpa, todos os outros exemplos de gente que fazem a vida dos outros e dos animais melhor, que foram ou sao minha inspiração...tudo aquilo que não vejo, mas sinto, o que não compreendo direito, mas aceito...

A tudo e todos, o meu muito obrigado!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Criança x Cão

Faz certo tempo que não escrevo, mas não é por falta de idéias. Como já disse anteriormente eu tenho minhas idéias muito bem claras dentro de mim, mas o difícil é passá-las para o papel.


Acho que pode ser por que eu as “sinto” com muita facilidade, mas não consigo explicá-las da mesma forma.

Esta semana estava vendo fotos de uma amiga que foi para um país em desenvolvimento, então me deparei com uma foto em que ela estava perto de muitos cachorros de rua ou soltos aparentemente normais.

Eu lhe perguntei se os animais estavam saudáveis, mais por curiosidade, por querer saber a situação deles em um lugar que eu nunca vi de perto.

A resposta foi que os animais eram saudáveis, mas houve uma comparação com as crianças de lá...

Eu não entendo muito bem porque as pessoas tendem a querer comparar animais com crianças humanas no sentido de “necessidade” de ambos!

Pode ser porque estas mesmas pessoas achem que apenas humanos importam e desta forma deveríamos cuidar apenas de humanos necessitados.

Está idéia de que somos a espécie que mais importa e que podemos fazer com o planeta o que queremos, já está ultrapassada e fora de moda.

É tempo de compreender que pessoas importam tanto quanto, por exemplo, as florestas que existem, pois sem o equilíbrio que vem de todas as demais coisas da Terra não haveria vida aqui. E já que não somos nenhum tipo de deus, estaríamos a mercê da força da natureza, como todos os outros.

Acredito mesmo, de verdade, que aquele que percebe isto, que respeita a grandiosidade do todo, não fará mal ao ser humano. Garanto que se políticos acreditassem nisto não fariam de tudo para enriquecer deixando milhares de PESSOAS mais pobres e sem saúde. E degradando o meio ambiente sem nenhum pesar.

Outro tipo de gente que compara gente com cão até se importa com os dois, mas fica constrangido consigo mesmo por se importar com o animal, pois ele pensa que se simplesmente não se importar, uma criança de poucas condições sairá da rua como num passe de mágicas!

Nada e nem ninguém é mais importante do que aquilo que você nasceu para fazer! Tudo importa!

Tem gente que tem vocação pra ser professor.

Outros nasceram para abrir um salão de beleza, para cuidar da auto estima dos demais.

Outros são caixa de mercado, outros são médicos, são vendedores de roupa...

Todas as profissões que existem, existem porque há espaço para elas. E se há pessoas que se importam com animais, é porque eles precisam de atenção e ajuda.

Se nós seres humanos soubéssemos respeitar a nós mesmos, muitos dos problemas dos animais estariam resolvidos.

Para aqueles que sempre comparam crianças com animais eu poderia perguntar, se fosse pouco educada como eles quando fazem este tipo de comparação:

Primeiro um comentário: “ Provavelmente você não entende de animais e muito menos das necessidades de uma criança, pois não há nada igual em criar um cão e um humano, eles não precisam das mesmas coisas e não tem as mesmas necessidades no geral.”

“Continuando, eu falaria... “Eu creio que você acredita que faz a sua parte como cidadão, não é? Se você pergunta isto deve ser porque tem uma organização de bem estar de crianças de rua, ou gasta um dia por semana arrecadando alimentos e dinheiro para um orfanato, ou você não compra nada pirata, já que alimentaria os tráficos de drogas, armas e prostituição, inclusive de menores...

E imagino que você não usa nada de drogas, nem maconha, já que ela foi o motivo do derramamento de sangue de muitas pessoas até chegar na sua mao...

Além, creio que você não dá dinheiro pro guarda que te pegou acima da velocidade permitida, que você não faz mutreta na fiação ou paga a mais para o instalador colocar um ponto a mais da tv a cabo na sua casa...

E acredito que você não coma carne, uma vez que estamos fartos de saber que a produção de carne está destruindo o meio ambiente, que ela polui, que gasta recursos preciosos como água e que drena do mercado uma excelente parcela de grãos que poderiam alimentar pessoas famintas pelo mundo, inclusive as crianças que você insiste em comparar com animal...”

Eu poderia ficar horas falando do que eu acho que é ser um bom cidadão e apesar de eu achar que eu faço a minha parte, uma hora eu seria hipócrita, pois ninguém é perfeito.

A questão é que cada um deve fazer a sua parte no que acha que é seu caminho.

Pelo menos no Brasil, a realidade maior é que a gente faz a nossa parte!

....sempre dando um “jeitinho”...

Para aqueles comprometidos com os demais, que são sonhadores ingênuos como eu, ou seja que não dão jeitinho para tudo, digo que fazer a nossa parte já está sendo pouco.

Eu acho que faço a minha parte como cidadã, mas o além disto, acho que faço pouco... e nunca será o bastante, pois infelizmente por muitos anos ainda haverá gente, bicho, rios e matas precisando de socorro.

E a não ser que a maioria faça a sua parte na nossa pequena realidade cotidiana para depois se mobilizar por uma realidade melhor, pouco mudará.

Cães continuarão a ser seres inteligentes, amigos e um meio maravilhoso de convívio, mas estarão morando nas ruas, doentes e gerando mais cães...

Crianças puras, meigas e indefesas continuarão a ser abandonadas por mães que não as querem ou não tem condições de tê-las ou por outros n motivos, continuarão sendo exploradas no comercio da prostituição ou morarão nas ruas, gerarão mais filhos sem ter condições...



E a triste ironia da coisa é: gente e cão morando na rua do mesmo jeito.

Mas, comparar não é questão, a questão é fazer o mínimo de bem "sem olhar a quem"!

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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Novos amigos

Estes dias estive pensando sobre ter animais em casa ou algo assim…e vai longe esta linha de pensamento....


Tudo começou quando estava limpando a casinha dos cães que fica dentro da garagem. Eu fui dar uma geral lá e enquanto limpava pensava no assunto.

As casinhas são as mesmas que foram usadas no transporte deles da Alemanha pra cá.

Quando li o adesivo ” Live Animals” me deu um frio na barriga, pois mudança é sempre trabalhosa.

Com dois animais, mais ainda.

Em outro pais: piorô!

E neste caso meus cães foram pegos de madrugada em Munique, levados pra Frankfurt para serem colocados num avião de carga rumo a Londres, Depois de serem passados pelo canil de controle em Londres, chegariam na minha casa por um agente próprio pra isto.

Longa e estressante jornada para eles e para nós também.

Para aqueles que acreditam que deveríamos tê-los deixados no Brasil, digo que onde puder levá-los comigo levarei. Sendo eles saudáveis para agüentar a viagem, estarão conosco até seus últimos dias.

Voltando a sensação de desconforto limpando a casinha deles..

Eu fiquei analisando como é que eles podem ser tão importantes na minha vida e na vida do Daniel sendo que eles são “apenas” cães.

Olha o que fizemos para tê-los conosco nesta vida fora do Brasil, desconhecida e cheia de desafios para um casal recém casado e na bagagem dois cães resgatados.

Ao mesmo tempo que os cães trouxeram mais desafios, eles trouxeram algo de essencial: felicidade.

Se eu mesma não fosse eu e estivesse lendo estas palavras talvez não cresse nelas, mas elas são verdadeiras.

Os animais estão no mundo, fazem parte dele e são cheios de “algo” que pode nos ajudar.

Eu estava conversando com meu marido sobre o não-interesse das pessoas em relação aos animais. Como eu já disse um milhão de vezes cada um gosta e se interessa pelo que quiser, mas os animais são uma fonte de conhecimento se estivermos dispostos a nos relacionar com eles e observa-los.

Vejo que as pessoas tem se interessado mais pelos animais de uma forma geral. Uma porque as mulheres estão cada dia mais ocupadas com as carreiras, vivendo em grandes cidades e etc..dai é mais fácil ter um cão que montar uma família e ter filhos.

Apesar disto eu vejo uma inserção gradual nos animais nas nossas casas.

Você já pensou (vou descrever a minha situação para facilitar): eu tenho dois cães que estão na minha família faz uns 5 anos.

5 anos sendo cuidados todos os dias, levados no veterinário, tomando banho, aprontando as deles, tendo dermatite, pegando pulga e carrapatos das caminhadas no mato...

Eles também estão presentes em todas as refeições deitados no canto da casa, no sofá vendo jogo de futebol ao nosso lado, nos recebendo quando acordamos ou quando voltamos pra casa, nas festinhas de aniversário ...



Eles se dedicam a nós e nós nos dedicamos a eles.

Eles são amigos, mas não esperem uma amizade igual a de ser humano pra humano, esta amizade é diferente.

Eles não falam a nossa língua, eles se expressam de forma própria, eles tem necessidades distintas das nossas, um ritmo de vida diferente..é tudo diferente.

E é justamente por isto, justamente por serem tão diferentes é que esta relação é cheia de aprendizado e descobertas.

Podemos ser mais inteligentes que eles e mais racionais. Mas eles são mais sensitivos e mais antenados. Fora tudo o mais que eles são, mas que a nossa razão não nos permite enxergar.

Por mais que eles sejam nossos amigos, eles dependem de nós, ao passo que amigos humanos não dependem uns dos outros.

Se eu não os alimentar pela manha eles irão me pedir comida do jeito deles, mas dependem de mim ainda assim. Se eu resolver nunca mais alimentá-los eles morrerão, ao menos que fujam de casa.

Eles dependem de mim para sobreviverem, mas eu não dependo deles de forma alguma.

Por outro lado, aqueles que se relacionaram de perto com animais, seja no seu sítio ou mesmo nos casos mais comuns como ter um cão ou gato em casa, já deve ter descoberto que há alguma coisa neles que nos encanta e fascina.

Creio que da verdade sabemos quase nada. Que animais são cheios de boas energias e que elas nos cercam quando em contato com eles.

Deve ser justamente a falta de razão que os faz serem mais “puros” energeticamente.

E apesar de não depender realmente deles, eles tornam a vida muito melhor. Talvez só pelo fato de acrescentarem tantos novos modos de relacionamento ao nosso dia a dia e por nos darem tantas coisas boas que não enxergamos e que estamos longe de saber.

É uma pena que na maioria das vezes amamos só um tipo deles...uns que amam cães, mas odeiam gatos.

Outros que amam gatos e acham que cães são dependentes (eu já vi gatos em muito mau estado, então jamais acharei que eles não dependem de nós).

Outro que amam a vida selvagem, como vi lá na Africa, mas que desprezam os domesticados.

Ou aqueles que são amantes de passarinhos, mas comem frango e peru.

E por ai vai...

Podemos aprender com todos os seres que estão ao nosso lado, eles são complexos como nós, diferem entre si na mesma espécie e claro, nas espécies diferentes.

Acredito que assim que permitamos ver os animais como seres interessantes e abramos uma ligação de harmonia entre nós e eles, iremos aprender coisas incríveis e viver melhor.

Como eu tenho aprendido: o amor está em todos os lugares e presente entre todos os seres.

E que família e amigos, já não são feitos só por humanos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Morte e Vida



A Morte é uma questão complicada para o ser humano e até onde temos percebidos, é também para alguns animais.


Pode ser que seja para todos os animais, nós apenas não sabemos sobre eles tão bem a ponto de decifrar isto.

Eu não consigo lembrar de uma pessoa que esteve bem preparada vendo a morte acontecer.

Desde pequenos nossos pais tentam de tudo para não nos chocar com a verdade sobre um tio-avô que faleceu, um amigo da família, um familiar muito próximo a nós.

Alguns são pegos de surpresa quando uma pessoa querida lhes é tirada de repente da vida.

Ai então não há escapatória, não há como mascarar a verdade....

E a verdade é que todos queremos viver!

A vida não nos oferece tudo que desejamos, pois a vida é assim! E é esta que tanto queremos preservar, mas que poderia ser tão melhor....

E ao mesmo tempo já é tudo que poderíamos querer .

A única certeza que temos, uma certeza absoluta é que um dia iremos morrer.

A gente sabe disto desde que saímos da infância e se eu perguntar para vocês quem está pronto para a morte, acho que ninguém falará que está ou que não se importa.

Estes dias eu e meu marido resgatamos uma pomba selvagem que estava na sarjeta da rua de casa. Ela estava completamente cega e não estava machucada. Não sei dizer se era uma pomba velha ou não.

Sei que a resgatamos numa noite fria e a colocamos no banheiro da nossa casa, do lado do aquecedor de parede.

Ela não comia direito, mas depois de tomar água ela já teve uma grande melhora nos movimentos.

Achamos que ela não encontrava mais alimento por ser cega e assim foi definhando.

Sei que fomos comprar comida especial de pássaros animados com a melhora dela.

Assim ela ficou por quase dois dias.

Na segunda noite aqui em casa, acordei de madrugada para alimentá-la e ela estava morta.

Passei a mao na cabeça dela e pensei que ela descansou, pois estava cega e fraca e merecia paz.

Voltei pro quarto e contei pro meu marido que ela havia morrido. Quando falei ”Daniel, a Palominha morreu” comecei a chorar, pois ouvi a palavra morte nas minhas palavras.

Chorei por que a vida de alguém tinha ido. E acho que temi como creio que tememos se pensarmos que um dia será a nossa vez.

No dia seguinte, depois de passar o resto da noite num sono ruim, acordamos cedo e fomos enterrá-la no jardim.

Outra vez, mais choro. É pesado pensar que um corpo está sob terra... acho que isto choca nossos corações.

Neste momento há alguém falecendo. E também há alguém nascendo!

Apesar da morte vir cercada de tristeza pra aqueles que ficam, creio que ela é cheia de esperança para aqueles que se vão.

Não aprendemos a dizer adeus, não aprendemos a lidar com a saudade dos que se foram... mas penso que a morte não é o fim, ela é apenas outra etapa.

Uma etapa que não conhecemos ou pelo menos não lembramos.

Que aqueles que perderam pessoas queridas tenham fé de que uma nova etapa na vida começa, para quem foi e para quem ficou.

Para os que foram: a leveza do ser, a luz do espírito e a capacidade infinita.

Que estejam alegres e libertos na companhia de “minha” pomba Palominha, voando livres por ai!

 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Gata na lata de lixo



Hoje pela manha, como é de costume já que moramos tão longe dos familiares e amigos, acordei e liguei o meu computador.

Sempre vemos nossos emails para saber se temos notícias do pessoal e por vezes olho a página de notícias do UOL, só por cima mesmo. Raras vezes tem algo que presta e que não seja tragédia.

Bati o olho em uma chamada que dizia isto: “Mulher que jogou gata em lixeira diz que "foi só uma brincadeira".”

Fui ler a reportagem, até porque eu já havia visto algo assim sendo publicado pela organização RSPCA no Facebook ontem.

Para resumir, a britânica Mary Bale estava indo do trabalho para a casa e viu um gato caminhando por perto. Diz ela que o chamou, brincou com o gato, que ele era dócil, que ronronava e ela resolveu colocar ele numa lata de lixo que estava ali perto. E realmente o fez: colocou a gata de menos de um ano de idade dentro da lata de plástico.

A gata foi resgatada depois de 15 horas presa na lata.

O RSPCA com certeza fará alguma coisa para que ela seja julgada e condenada por este crime, o que acontece aqui na Inglaterra frequentemente.

Geralmente as punições não são grande coisa, mas a pessoa é proibida de ter animais durante alguns anos, paga certas taxas e presta serviços comunitários.

Estes dias eu li um caso do RSPCA em que eles foram chamados por causa de um cavalo que estava sendo mal tratado e vivia num jardim de uma casa aqui nas redondezas.

O cavalo foi resgatado, os donos foram julgados e condenados e o filho deles também foi condenado.

O interessante, mas não menos triste é que eles confessaram que tentaram matar um hamster afogado na pia, não obtiveram sucesso no afogamento e então, se não me engano eles colocaram ele dentro de uma garrafa com água.

Então, o RSPCA fez autópsia no pequeno animal e constatou que ele teve morte traumática, que lutou pela vida, pois tinha resquícios de material embaixo das unhas e por ai vai...

Você pode se perguntar ou me perguntar: Mas pra que tudo isto? Ou pra que tanta importância pra uma mulher que joga um gato dentro de uma lixeira? Tem tanta coisa pior por ai, não tem?

O que eu posso te responder é que eu acho o máximo ter autopsia de animal de estimação em casos suspeitos de maus tratos. Mas, mais que isto, eu fico feliz de verdade em ver que alguma coisa funciona.

O RSPCA se propõe a cuidar dos animais, a trabalhar com o governo e com a polícia para o bem estar animal atingir níveis cada vez mais altos e eles fazem isto!

Eles pedem ajuda da população pra descobrir quem quebrou os ovos dos cines que moram em tal lago ou, pior que isto, em quem ateou fogo no cachorro que estava preso numa grade pela coleira.

Esta organização se preocupa com estes temas e faz de tudo para cumprir com o que acha que é certo fazer.

Então, se você se preocupa com o quer que seja, siga este exemplo! =)

Sobre a mulher que jogou a gatinha no lixo, posso dizer que estas horas me espanto com a realidade, pois cada ser humano tem a liberdade para fazer o que quiser.

Se fizer algo que vá atingir de forma negativa o direito do outro, poderá ser punido, mas até aí a coisa já foi feita e já deixou cicatrizes.

O ser humano pode gerar outro ser humano que dependerá totalmente dele por alguns bons anos! E quem me garante que este ser humano pai ou mãe fará bem o seu papel?

O estranho é que muitos seres, incluindo nós mesmos, ou melhor, digo que quase todos os seres que vivem perto de nós humanos, dependem da nossa própria sanidade!

Um bebê recém nascido.

Um cachorro.

Um gato.

Um idoso que já não se movimenta bem.

Inúmeros são os casos nos quais outros seres dependem da nossa capacidade de se por no lugar deles.

Por-se no lugar de um gato que vai ficar preso dentro de uma lixeira e pode nunca ser achado, morrer asfixiado ou esmagado no caminhão do lixo, se não fosse uma câmera escondida.

Um passarinho que ficará a vida preso numa gaiola, que nunca poderá abrir bem as asas e voar.

De um idoso que vai levar umas porradas por irritar o enfermeiro já que ele não ouviu bem o que precisava ser feito.

Ou o bebe que vai ser jogado no rio por ter nascido numa hora que não deveria.

É duro pensar que dependemos tanto da compaixão alheia, já que somos cercados de outros seres que podem modificar a nossa vida numa simples vontade.

Eu nunca gostaria de ser posta numa lata de lixo.

Eu nunca gostaria de viver numa jaula, preferiria a morte a não ter liberdade.

Eu nunca gostaria que me batessem para descontar problemas pessoais ou o que for.

Eu não gostaria de não ter tido uma infância descente, regada a respeito e amor, sendo que nem pedi para nascer.

Muito menos ser largada neném para morrer aos poucos ou para ser encontrada por outra pessoa, da qual também dependerei da compaixão.

Sejá lá onde for, seja lá que ato for, seja lá quem fez....todo ato de maldade deve ser reprimido, nao incetivado e punidos os culpados.

Quem tem a pouca sanidade para colocar uma gata numa lata de lixo e lá deixá-la, também deve ter pouca sanidade para viver em hamornia numa sociedade.

Violencia contra animais, precede violência contra humanos.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

"Ser" humano


Ultimamente eu ando pensando sobre "ser“ humano.

O que significa SER um ser humano?

O ser humano é uma coisa complexa:

Somos muito inteligentes, criativos, bondosos…

Somos muito egoístas, maldosos, tapados…

Na faculdade, ou bem antes dela, eu aprendi que existe uma coisa na Natureza chamada Cadeia Alimentar, na qual uma espécie depende de outra para sobreviver, onde o fluxo do número de indivíduos de um nível influi no nível superior, que influenciará o próximo e por ai vai.

Um ciclo lindo de se ver. Cada ação gera um reflexo facilmente perceptível e uma má ação pode acabar com uma espécie.

A Natureza é sábia, tudo nela corre exatamente como deve correr e não sobra!

Não sei se posso colocar o ser humano neste meio mais, não do modo como vivemos e do jeito que evoluímos. Por que “ser” humano é viver praticamente num mundo criado por humanos, num ambiente “naturalmente” humano.

O ser humano pertence a este mundo, tem direitos sobre ele, como todos os outros animais, mas há muito já deixou sua vaga na cadeia alimentar.

Olhe pra fora de nossas cidades, que lugar há para nós além delas?

Mas, como que eu posso achar bela uma cadeia alimentar sendo que há mortes nela, sendo que mães antílopes perdem seus bebês brutalmente ou na qual búfalos pisoteiam bebês leões?

Esta é a Natureza “natural” e por mais que eu não goste disto, pois não desejo ver ninguém morrer pra virar comida ou por vingança, é isto que há neste mundo. A única forma de mudar isto, seria mudar de planeta ou voltar a nascer neste mundo milhões de anos pra frente – quem sabe as coisas estariam melhores para todos! =)

Ou ter uma séria conversa com Deus.

A vida lá na selva, na savana, na caatinga é o que é e não há nada que possamos fazer para mudar isto!

Há dois tipos de seres humanos basicamente.

Eu escolheria, se pudesse, o “bom” ser humano, aquele que é capaz de criar tecnologias incríveis, de fazer a Ciência existir e de habitar este mundo de forma a estar aqui, ser grato pela posição que tem, mas que deixa a Natureza para quem sabe viver nela.

Por outro lado, há aqueles que não sentem pelo outro e são tão seres humanos quanto eu - não importa de que berço vieram, eles são capazes de matar outros humanos, de corromper e serem corrompidos, de dar propina, se apoderam da natureza e do que há nela - sem um pingo de amor no coração, matam árvores e animais e abertamente dizem que não sentem por eles ou por nós.

Tudo isto, estes dois seres que existem por ai, somos nós: seres humanos. Capazes de fazer o céu e o inferno ao mesmo tempo.

O planeta já está sentenciado com a nossa presença aqui, pois vida de humano na Terra significa usar recursos, poluir e matar.

Não importa quão “verde” eu viva, meus passos deixam marcas na Natureza.

Mas importa a minha intenção.

Quanto mais nos aproximarmos da nossa capacidade nata de sermos bons seres, de sermos humanos...

.... mais usaremos toda a nossa capacidade de criar sem destruir.

.... de viver e não marcar.

.... de comer e não matar.

Vamos deixar a cadeia alimentar, equilibrada, frágil, linda e triste para aqueles que não podem sair dela!

Nós podemos e já saímos há tempos.

Se ser humano é ser digno de inteligências e capacidades, então que sejamos humanos.

Para aqueles humanos que não sentem pelos demais, que fazem atrocidades, estes pertencem a cadeia alimentar. Deveriam ser postos lá na natureza outra vez, com a roupa do corpo e uma lança na mão.

A natureza cuidaria deles...