terça-feira, 14 de setembro de 2010

Novos amigos

Estes dias estive pensando sobre ter animais em casa ou algo assim…e vai longe esta linha de pensamento....


Tudo começou quando estava limpando a casinha dos cães que fica dentro da garagem. Eu fui dar uma geral lá e enquanto limpava pensava no assunto.

As casinhas são as mesmas que foram usadas no transporte deles da Alemanha pra cá.

Quando li o adesivo ” Live Animals” me deu um frio na barriga, pois mudança é sempre trabalhosa.

Com dois animais, mais ainda.

Em outro pais: piorô!

E neste caso meus cães foram pegos de madrugada em Munique, levados pra Frankfurt para serem colocados num avião de carga rumo a Londres, Depois de serem passados pelo canil de controle em Londres, chegariam na minha casa por um agente próprio pra isto.

Longa e estressante jornada para eles e para nós também.

Para aqueles que acreditam que deveríamos tê-los deixados no Brasil, digo que onde puder levá-los comigo levarei. Sendo eles saudáveis para agüentar a viagem, estarão conosco até seus últimos dias.

Voltando a sensação de desconforto limpando a casinha deles..

Eu fiquei analisando como é que eles podem ser tão importantes na minha vida e na vida do Daniel sendo que eles são “apenas” cães.

Olha o que fizemos para tê-los conosco nesta vida fora do Brasil, desconhecida e cheia de desafios para um casal recém casado e na bagagem dois cães resgatados.

Ao mesmo tempo que os cães trouxeram mais desafios, eles trouxeram algo de essencial: felicidade.

Se eu mesma não fosse eu e estivesse lendo estas palavras talvez não cresse nelas, mas elas são verdadeiras.

Os animais estão no mundo, fazem parte dele e são cheios de “algo” que pode nos ajudar.

Eu estava conversando com meu marido sobre o não-interesse das pessoas em relação aos animais. Como eu já disse um milhão de vezes cada um gosta e se interessa pelo que quiser, mas os animais são uma fonte de conhecimento se estivermos dispostos a nos relacionar com eles e observa-los.

Vejo que as pessoas tem se interessado mais pelos animais de uma forma geral. Uma porque as mulheres estão cada dia mais ocupadas com as carreiras, vivendo em grandes cidades e etc..dai é mais fácil ter um cão que montar uma família e ter filhos.

Apesar disto eu vejo uma inserção gradual nos animais nas nossas casas.

Você já pensou (vou descrever a minha situação para facilitar): eu tenho dois cães que estão na minha família faz uns 5 anos.

5 anos sendo cuidados todos os dias, levados no veterinário, tomando banho, aprontando as deles, tendo dermatite, pegando pulga e carrapatos das caminhadas no mato...

Eles também estão presentes em todas as refeições deitados no canto da casa, no sofá vendo jogo de futebol ao nosso lado, nos recebendo quando acordamos ou quando voltamos pra casa, nas festinhas de aniversário ...



Eles se dedicam a nós e nós nos dedicamos a eles.

Eles são amigos, mas não esperem uma amizade igual a de ser humano pra humano, esta amizade é diferente.

Eles não falam a nossa língua, eles se expressam de forma própria, eles tem necessidades distintas das nossas, um ritmo de vida diferente..é tudo diferente.

E é justamente por isto, justamente por serem tão diferentes é que esta relação é cheia de aprendizado e descobertas.

Podemos ser mais inteligentes que eles e mais racionais. Mas eles são mais sensitivos e mais antenados. Fora tudo o mais que eles são, mas que a nossa razão não nos permite enxergar.

Por mais que eles sejam nossos amigos, eles dependem de nós, ao passo que amigos humanos não dependem uns dos outros.

Se eu não os alimentar pela manha eles irão me pedir comida do jeito deles, mas dependem de mim ainda assim. Se eu resolver nunca mais alimentá-los eles morrerão, ao menos que fujam de casa.

Eles dependem de mim para sobreviverem, mas eu não dependo deles de forma alguma.

Por outro lado, aqueles que se relacionaram de perto com animais, seja no seu sítio ou mesmo nos casos mais comuns como ter um cão ou gato em casa, já deve ter descoberto que há alguma coisa neles que nos encanta e fascina.

Creio que da verdade sabemos quase nada. Que animais são cheios de boas energias e que elas nos cercam quando em contato com eles.

Deve ser justamente a falta de razão que os faz serem mais “puros” energeticamente.

E apesar de não depender realmente deles, eles tornam a vida muito melhor. Talvez só pelo fato de acrescentarem tantos novos modos de relacionamento ao nosso dia a dia e por nos darem tantas coisas boas que não enxergamos e que estamos longe de saber.

É uma pena que na maioria das vezes amamos só um tipo deles...uns que amam cães, mas odeiam gatos.

Outros que amam gatos e acham que cães são dependentes (eu já vi gatos em muito mau estado, então jamais acharei que eles não dependem de nós).

Outro que amam a vida selvagem, como vi lá na Africa, mas que desprezam os domesticados.

Ou aqueles que são amantes de passarinhos, mas comem frango e peru.

E por ai vai...

Podemos aprender com todos os seres que estão ao nosso lado, eles são complexos como nós, diferem entre si na mesma espécie e claro, nas espécies diferentes.

Acredito que assim que permitamos ver os animais como seres interessantes e abramos uma ligação de harmonia entre nós e eles, iremos aprender coisas incríveis e viver melhor.

Como eu tenho aprendido: o amor está em todos os lugares e presente entre todos os seres.

E que família e amigos, já não são feitos só por humanos.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Morte e Vida



A Morte é uma questão complicada para o ser humano e até onde temos percebidos, é também para alguns animais.


Pode ser que seja para todos os animais, nós apenas não sabemos sobre eles tão bem a ponto de decifrar isto.

Eu não consigo lembrar de uma pessoa que esteve bem preparada vendo a morte acontecer.

Desde pequenos nossos pais tentam de tudo para não nos chocar com a verdade sobre um tio-avô que faleceu, um amigo da família, um familiar muito próximo a nós.

Alguns são pegos de surpresa quando uma pessoa querida lhes é tirada de repente da vida.

Ai então não há escapatória, não há como mascarar a verdade....

E a verdade é que todos queremos viver!

A vida não nos oferece tudo que desejamos, pois a vida é assim! E é esta que tanto queremos preservar, mas que poderia ser tão melhor....

E ao mesmo tempo já é tudo que poderíamos querer .

A única certeza que temos, uma certeza absoluta é que um dia iremos morrer.

A gente sabe disto desde que saímos da infância e se eu perguntar para vocês quem está pronto para a morte, acho que ninguém falará que está ou que não se importa.

Estes dias eu e meu marido resgatamos uma pomba selvagem que estava na sarjeta da rua de casa. Ela estava completamente cega e não estava machucada. Não sei dizer se era uma pomba velha ou não.

Sei que a resgatamos numa noite fria e a colocamos no banheiro da nossa casa, do lado do aquecedor de parede.

Ela não comia direito, mas depois de tomar água ela já teve uma grande melhora nos movimentos.

Achamos que ela não encontrava mais alimento por ser cega e assim foi definhando.

Sei que fomos comprar comida especial de pássaros animados com a melhora dela.

Assim ela ficou por quase dois dias.

Na segunda noite aqui em casa, acordei de madrugada para alimentá-la e ela estava morta.

Passei a mao na cabeça dela e pensei que ela descansou, pois estava cega e fraca e merecia paz.

Voltei pro quarto e contei pro meu marido que ela havia morrido. Quando falei ”Daniel, a Palominha morreu” comecei a chorar, pois ouvi a palavra morte nas minhas palavras.

Chorei por que a vida de alguém tinha ido. E acho que temi como creio que tememos se pensarmos que um dia será a nossa vez.

No dia seguinte, depois de passar o resto da noite num sono ruim, acordamos cedo e fomos enterrá-la no jardim.

Outra vez, mais choro. É pesado pensar que um corpo está sob terra... acho que isto choca nossos corações.

Neste momento há alguém falecendo. E também há alguém nascendo!

Apesar da morte vir cercada de tristeza pra aqueles que ficam, creio que ela é cheia de esperança para aqueles que se vão.

Não aprendemos a dizer adeus, não aprendemos a lidar com a saudade dos que se foram... mas penso que a morte não é o fim, ela é apenas outra etapa.

Uma etapa que não conhecemos ou pelo menos não lembramos.

Que aqueles que perderam pessoas queridas tenham fé de que uma nova etapa na vida começa, para quem foi e para quem ficou.

Para os que foram: a leveza do ser, a luz do espírito e a capacidade infinita.

Que estejam alegres e libertos na companhia de “minha” pomba Palominha, voando livres por ai!