terça-feira, 7 de setembro de 2010

Morte e Vida



A Morte é uma questão complicada para o ser humano e até onde temos percebidos, é também para alguns animais.


Pode ser que seja para todos os animais, nós apenas não sabemos sobre eles tão bem a ponto de decifrar isto.

Eu não consigo lembrar de uma pessoa que esteve bem preparada vendo a morte acontecer.

Desde pequenos nossos pais tentam de tudo para não nos chocar com a verdade sobre um tio-avô que faleceu, um amigo da família, um familiar muito próximo a nós.

Alguns são pegos de surpresa quando uma pessoa querida lhes é tirada de repente da vida.

Ai então não há escapatória, não há como mascarar a verdade....

E a verdade é que todos queremos viver!

A vida não nos oferece tudo que desejamos, pois a vida é assim! E é esta que tanto queremos preservar, mas que poderia ser tão melhor....

E ao mesmo tempo já é tudo que poderíamos querer .

A única certeza que temos, uma certeza absoluta é que um dia iremos morrer.

A gente sabe disto desde que saímos da infância e se eu perguntar para vocês quem está pronto para a morte, acho que ninguém falará que está ou que não se importa.

Estes dias eu e meu marido resgatamos uma pomba selvagem que estava na sarjeta da rua de casa. Ela estava completamente cega e não estava machucada. Não sei dizer se era uma pomba velha ou não.

Sei que a resgatamos numa noite fria e a colocamos no banheiro da nossa casa, do lado do aquecedor de parede.

Ela não comia direito, mas depois de tomar água ela já teve uma grande melhora nos movimentos.

Achamos que ela não encontrava mais alimento por ser cega e assim foi definhando.

Sei que fomos comprar comida especial de pássaros animados com a melhora dela.

Assim ela ficou por quase dois dias.

Na segunda noite aqui em casa, acordei de madrugada para alimentá-la e ela estava morta.

Passei a mao na cabeça dela e pensei que ela descansou, pois estava cega e fraca e merecia paz.

Voltei pro quarto e contei pro meu marido que ela havia morrido. Quando falei ”Daniel, a Palominha morreu” comecei a chorar, pois ouvi a palavra morte nas minhas palavras.

Chorei por que a vida de alguém tinha ido. E acho que temi como creio que tememos se pensarmos que um dia será a nossa vez.

No dia seguinte, depois de passar o resto da noite num sono ruim, acordamos cedo e fomos enterrá-la no jardim.

Outra vez, mais choro. É pesado pensar que um corpo está sob terra... acho que isto choca nossos corações.

Neste momento há alguém falecendo. E também há alguém nascendo!

Apesar da morte vir cercada de tristeza pra aqueles que ficam, creio que ela é cheia de esperança para aqueles que se vão.

Não aprendemos a dizer adeus, não aprendemos a lidar com a saudade dos que se foram... mas penso que a morte não é o fim, ela é apenas outra etapa.

Uma etapa que não conhecemos ou pelo menos não lembramos.

Que aqueles que perderam pessoas queridas tenham fé de que uma nova etapa na vida começa, para quem foi e para quem ficou.

Para os que foram: a leveza do ser, a luz do espírito e a capacidade infinita.

Que estejam alegres e libertos na companhia de “minha” pomba Palominha, voando livres por ai!

 

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