segunda-feira, 19 de julho de 2010

Livro Libertação Animal

Para aqueles que leram o último post, aqui vai o prefácio do livro do filósofo Peter Singer.




PREFÁCIO À EDIÇÃO DE 1990


Reler o prefácio original deste livro é como retornar a um mundo semi-esquecido. Pessoas preocupadas com animais não me oferecem mais sanduíches de presunto. Nos grupos do movimento de Libertação Animal, os ativistas são, agora, todos vegetarianos; mas, mesmo no movimento mais conservador em defesa do bem-estar dos animais há alguma consciência da questão do consumo de carne. Os que ainda a consomem apresentam suas desculpas e, quando preparam refeições para outros, estão sempre prontos a oferecer alternativas. Há uma nova consciência sobre a necessidade de se estender a simpatia por cães e gatos a porcos, galinhas e até a ratos de laboratório.



Não tenho certeza do quanto desta mudança se deva creditar ao livro Libertação Animal. Jornalistas de revistas populares apelidaram-no de "bíblia do movimento de libertação animal". Não posso deixar de sentir-me lisonjeado, mas, ao mesmo tempo, estou um pouco constrangido. Não acredito em bíblias: nenhum livro detém o monopólio da verdade. Em todo o caso, a menos que toque o leitor, nenhum livro pode chegar a lugar algum. Os movimentos de libertação dos anos 60 tornaram a Libertação Animal um passo óbvio: esse livro reuniu os argumentos e deu-lhes uma forma coerente. O resto foi feito por algumas pessoas excelentes, eticamente empenhadas, trabalhadoras infatigáveis — inicialmente alguns indivíduos, depois centenas, que se tornaram, gradualmente, milhares e agora, talvez, milhões — constituindo o movimento de Libertação Animal. Dedico-lhes essa edição revisada, porque, sem elas, a primeira edição teria o mesmo destino do livro Animals´ Rights [Direitos dos Animais] de Henry Salt, publicado em 1892, e deixado nas prateleiras da biblioteca do Museu Britânico, acumulando poeira até que, oitenta anos depois, uma nova geração reformulasse argumentos, topasse com algumas referências obscuras e descobrisse que tudo já havia sido dito, mas sem resultado.

Desta vez não será em vão. O movimento cresceu e tornou-se muito grande para isso. Importantes benefícios já foram alcançados em prol dos animais. Outros ainda maiores estão por vir. A Libertação Animal é, agora, um amplo movimento mundial, e ainda estará na ordem do dia por muito tempo.

Freqüentemente me perguntam se estou satisfeito com a maneira como o movimento cresceu. O modo como fazem a pergunta deixa claro que esperam ouvir: "Jamais sonhei que o livro tivesse tão grande impacto". Mas estão enganados. Pelo menos nos meus sonhos, todos os que lessem o livro exclamariam "Sim, é claro...". Imediatamente se tornariam vegetarianos e começariam a protestar contra o que fazemos com os animais. Assim, mais pessoas ouviriam a mensagem de Libertação Animal e, pelo menos as formas mais extremas e desnecessárias de sofrimento animal logo terminariam, em conseqüência de uma irresistível onda de protesto público.

É verdade, esses sonhos eram contrabalançados pela consciência que tenho dos obstáculos: o conservadorismo da maioria de nós quando se trata daquilo que colocamos no estômago; os interesses financeiros que lutam até o último milhão para defender seu direito de explorar animais visando ao máximo lucro; e o sólido peso da história e da tradição, que reforçam as atitudes que justificam essa exploração. Portanto, fiquei feliz em receber cartas de muita, muita gente que leu o livro e exclamou: "Sim, é claro...", e parou de comer carne, tornando-se um membro ativo do movimento de Libertação Animal. Fiquei ainda mais feliz, naturalmente, pois, após tantos terem lutado tão longa e arduamente, o movimento de Libertação Animal é uma realidade política e social. Contudo, ainda assim, não é bastante; nem sequer está perto de ser suficiente. Como mostra claramente essa edição, o movimento teve, até agora, pouco impacto sobre as principais formas de exploração dos animais.

Libertação Animal foi publicado pela primeira vez em 1975 e continua a ser impresso, praticamente sem alterações, desde então. Três aspectos estão agora maduros para revisão. Primeiro, quando o livro surgiu, não havia o movimento de Libertação Animal. O próprio termo era desconhecido e não havia grandes organizações — apenas algumas pequenas — trabalhando para implementar mudanças radicais em nossas atitudes e práticas relacionadas aos animais. Quinze anos mais tarde, seria decididamente estranho que um livro intitulado Libertação Animal não se referisse à existência de um movimento moderno de Libertação Animal e, por conseguinte, não comentasse o curso que o movimento tomou.

Segundo, o surgimento do movimento moderno de Libertação Animal tem sido acompanhado por um impressionante aumento da quantidade de material escrito sobre o tema — a maior parte comentando as posições assumidas na primeira edição desse livro. Também passei longas noites discutindo questões filosóficas e conclusões práticas com amigos e companheiros do movimento de Libertação Animal. Algumas respostas a todo esse debate pareceram-me necessárias, nem que seja para indicar em que medida alterei ou não meus pontos de vista.

Finalmente, o segundo e o terceiro capítulos desse livro descrevem o que significam nossas atitudes atuais em relação aos animais em dois dos campos principais em que são utilizados: a experimentação e a criação. Tão logo comecei a ouvir pessoas dizendo coisas como "Certamente, as coisas melhoraram muito desde que isso foi escrito...", soube que seria necessário documentar o que acontece hoje em dia nos laboratórios e nas granjas, apresentando ao leitor descrições que não podem ser descartadas com o argumento de serem pertencentes a uma era distante e obscura.

As novas descrições constituem a maior parte das diferenças entre a presente edição e as anteriores. Resisti, no entanto, às sugestões de que deveria acrescentar relatos semelhantes de outros tipos de abusos contra os animais. O objetivo do material factual não é servir de relatório exaustivo do modo como tratamos os animais; ao invés, pretende mostrar de maneira clara, nítida e concreta, como indiquei no final do primeiro capítulo, as implicações da concepção filosófica mais abstrata do especismo apresentadas nesse capítulo. A omissão das discussões sobre caça, captura em armadilhas, indústria de peles, maus tratos a animais de estimação, rodeios, zoológicos e circos não significa que tais assuntos sejam menos importantes, mas tão-somente que os exemplos cruciais da experimentação e da produção de alimentos são suficientes para os objetivos pretendidos.

Decidi não responder a todos os pontos levantados pelos filósofos sobre os argumentos éticos desse livro. Isto alteraria a natureza do próprio livro, transformando-o em um trabalho acadêmico, interessante para meus colegas de profissão, porém enfadonho para o leitor comum. Em vez disso, indiquei, em locais apropriados no texto, alguns outros escritos, onde minhas respostas a certas objeções podem ser encontradas. Também reescrevi uma passagem no capítulo final, em que mudei de idéia sobre um ponto filosófico cuja relação com a fundamentação ética sobre a qual assenta a argumentação desse livro é apenas periférica. Quanto a essa fundamentação, ministrei aulas sobre ela, mencionei-a em palestras e seminários em departamentos de filosofia, e discuti-a em profundidade, tanto verbalmente quanto por escrito; entretanto, nunca me defrontei com objeções insuperáveis, nada me fez pensar que os simples argumentos éticos que embasam esse livro não são sólidos. Tem sido estimulante constatar que muitos de meus colegas mais respeitados do campo da filosofia concordam comigo. Deste modo, tais argumentos são mantidos aqui, inalterados.

Ainda falta tratar do primeiro dos três aspectos a serem atualizados: a descrição do movimento de Libertação Animal e do curso que tomou.

Tanto nos relatos sobre experiências em laboratório quanto sobre criação industrial, e no capítulo final dessa edição revisada refiro-me a algumas das principais campanhas e conquistas do movimento de Libertação Animal. Não tentei descrever as campanhas em detalhes, porque alguns dos principais ativistas o fizeram em um livro intitulado In Defense of Animals [Em Defesa dos Animais], que editei há algum tempo. Mas uma questão importante para o movimento deve ser ressaltada nesse livro: a violência. Eu a abordo a seguir.

Os ativistas têm recorrido a uma série de meios para fazer avançar os objetivos da Libertação Animal. Alguns procuram educar o público distribuindo panfletos e escrevendo cartas a jornais. Outros fazem pressão em funcionários do governo e seus representantes eleitos para o Parlamento ou o Congresso. Organizações de ativistas fazem demonstrações e protestos do lado de fora de locais onde se inflige sofrimento a animais para servir a objetivos humanos triviais. Porém, muitos se impacientam com o lento progresso conseguido por tais meios e desejam implementar ações mais diretas para deter de imediato o sofrimento.

Ninguém que compreenda o sofrimento suportado pelos animais pode criticar essa impaciência. Em face da contínua atrocidade, não basta sentar-se e escrever cartas. Há necessidade de ajudar os animais já. Mas, como? Os legítimos canais usuais para protesto político são lentos e incertos. Devem-se arrombar as portas e libertar os animais? Isso é ilegal, no entanto, a obrigação de obedecer à lei não é absoluta. Ela foi justificadamente quebrada por aqueles que ajudaram escravos fugitivos na América do Sul, para mencionar apenas um paralelo possível. Problema mais grave é que a literal libertação de animais de laboratórios e granjas industriais pode ser tão-somente um gesto simbólico, pois os pesquisadores simplesmente encomendarão novas levas de animais e, além disso, quem pode encontrar abrigo para mil porcos ou 100 mil frangos de uma granja industrial? Os reides de grupos da Animal Liberation Front [Frente de Libertação Animal] de vários países têm sido mais eficazes quando conseguem provas da violência praticada contra animais que, de outra forma, não seriam conhecidas. No caso do ataque de surpresa ao laboratório do Dr. Thomas Gennarelli, da Universidade da Pensilvânia, por exemplo, videoteipes roubados forneceram a prova que, finalmente, convenceu até mesmo o secretário de saúde de que as experiências deviam ser interrompidas. É difícil imaginar que esse resultado pudesse ser alcançado de outra forma, e só posso elogiar as pessoas corajosas, diligentes e sérias que planejaram e executaram essa ação específica.

Mas outras atividades ilegais são muito diferentes. Em 1982, um grupo autodenominado "Animal Rights Militia" [Milícia dos Direitos dos Animais] enviou uma carta-bomba para Margareth Thatcher; em 1988, Fran Trutt, uma ativista dos direitos dos animais foi presa no momento em que colocava uma bomba do lado de fora dos escritórios da U.S. Surgical Corporation, uma empresa que usava cães vivos para demonstrar seus instrumentos cirúrgicos de grampear. Nenhuma dessas ações foi, de forma alguma, representativa do movimento de Libertação Animal. Antes,jamais se tinha ouvido falar do Animal Rights Militia, e a ação foi imediatamente condenada por todas as organizações do movimento de Libertação Animal britânico. Trutt trabalhava isoladamente e suas ações foram logo denunciadas pelo movimento americano. As provas apresentadas também sugeriam a existência de uma armadilha, pois ela foi levada para o escritório da empresa por um informante pago, contratado pelo consultor de segurança da U.S. Surgical. Porém, essas ações podem ser vistas como um dos extremos do espectro de ameaças e hostilidades aos experimentadores, peleteiros e outros exploradores de animais. Portanto, é importante que os participantes do movimento de Libertação Animal deixem claro sua posição em relação a essas ações.

Seria um erro trágico se mesmo um pequeno segmento do movimento de Libertação Animal tentasse alcançar seus objetivos ferindo pessoas. Alguns acreditam que pessoas que fazem os animais sofrer merecem que também se os façam sofrer. Não acredito em vingança; mas mesmo que acreditasse, seria um desvio prejudicial à nossa tarefa de cessar o sofrimento. Para tanto, precisamos mudar a mentalidade das pessoas sensatas de nossa sociedade. Podemos estar convictos de que uma pessoa que maltrata animais é completamente insensível, mas nos rebaixaríamos até seu nível dela se a feríssemos ou ameaçássemos feri-la fisicamente. Violência só pode gerar mais violência — um clichê, mas cuja trágica verdade pode ser vista em meia dúzia de conflitos ao redor do mundo. A força da causa da Libertação Animal reside em seu compromisso ético; ocupamos o elevado terreno moral. Abandoná-lo é fazer o jogo dos que se nos opõem.

A alternativa ao caminho da crescente violência é seguir a liderança dos dois maiores — e não por acaso, mais bem-sucedidos — líderes de movimentos de libertação dos tempos modernos: Gandhi e Martin Luther King. Com imensa coragem e resolução eles mantiveram-se fiéis ao princípio da não-violência, apesar das provocações e, muitas vezes, ataques de seus opositores. Por fim, tiveram sucesso porque a justiça de sua causa não podia ser negada, e seu comportamento tocou a consciência até mesmo dos que a eles se opuseram. Os males que infligimos a outras espécies são igualmente inegáveis, quando vistos com clareza; e é na justeza de nossa causa, e não no medo de nossas bombas, que residem nossas possibilidades de vitória.

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Post sobre o post: “A realidade doi meus olhos“


Eu recebi muitos comentários sobre o último post que escrevi, então achei melhor responder/comentar tudo de uma vez, assim acho que consigo abranger mais o assunto no geral.

Sempre fico grata pelas pessoas comentarem meus posts, de uma forma contrária as minhas idéias ou não, pois elas me fazem pensar meu ponto de vista: alguns me fazem reafirmar o que já penso, outros me fazem repensar minha opinião.

Meu blog tem intuito apenas de ser um link com minha cabeça, pois quero não perder minhas idéias ao longo dos tempos e quero ver como que elas foram mudando.

Li um livro maravilhoso do Deepak Chopra no qual ele fala que a gente passa metade da vida tentando impor o nosso ponto de vista para as outras pessoas...

E eu nao tenho este interesse aqui. =)

Um dos pontos que percebi desde que resolvi me tornar vegetariana é que este tema incomoda muitas outras pessoas.

No geral, eu vejo que mudanças incomodam, desde o fato de que a gente muda gosto de música, de hobbies e muitas pessoas ao redor se incomodam... mas, mudança no hábito, como se tornar vegetariano incomoda mais que todos que já vi.

Meu tio me copiou um texto que explica de que forma os seres humanos evoluíram pra um tamanho de cérebro como o que temos agora. O texto explica que a dieta rica em proteínas, naquela época lá atrás significava proteínas de carne animal, foi um fator que contribuíu para que nosso cérebro/corpo fosse o que é hoje.

O texto fala que a dieta em si não foi o fator principal, uma vez que outros grandes mamíferos carnívoros não evoluíram desta forma, mesmo com uma dieta rica em proteína, mas como consegui-la é que foi o X da questão, já que para caçar melhor o homem que tinha habilidade de raciocínio, de comunicação, de sentimento de agir em grupo, habilidades de construir ferramentas para destroçar melhor o animal que foi selecionado.

E que com a dieta propícia evoluímos biologicamente.

Meu tio apenas me mandou o texto para informação e não para contestar meu post (eu adoro ler coisas sobre evolução e comportamento).

Apesar disto, eu já havia escutado este tipo de informação como argumento contra o vegetarianismo.

Hoje em dia, como tudo anda evoluindo muito rápido, dieta rica em proteína não significa dieta rica em carne animal.

As pesquisas na área alimentícia tem nos mostrado o quão ricos em proteínas, vitaminas e minerais os vegetais são e quais são os benefícios que eles nos trazem.

A tecnologia na engenharia de alimentos proporciona atualmente opções de preparados que “imitam” carne, que são feitos de proteína vegetal e pouca gordura.

Eu não sei a respeito do impacto desta opção de dieta sobre o futuro. Aliás, quem sabe, né?

Por um lado, daqui a zilhoes de anos ou menos, poderemos escutar pesquisas com o mesmo caráter desta sobre a “evolução do homem através da arte da caça”, na qual se relata que o homem pelo fato de ter mudado para uma dieta vegetariana elevou a estimativa de vida ou morreu menos de câncer ou passou a fazer menos guerra ou que este fato foi o fator responsável por selecionar pessoas que digerem fibras e então, hoje em dia (no futuro), temos cara de ET e somos verde! =P

Não sei o que nos espera o futuro, só sei que não precisamos comer animal para sobreviver hoje em dia.

Outro argumento que já ouvi algumas vezes é assim, segue a mesma linha deste sobre “somos o que somos, pois comemos carne animal”: “se alguém na sua família estiver doente, você vai deixar a pessoa morrer, pois aquele remédio que pode curá-la foi testado em animais?”.

A resposta é não!

Este tipo de argumento que usa o passado da nossa evolução para tornar legais as injustiças atuais são boas no geral, pois dão um nó na cabeça de quem as ouve, num primeiro momento.

Não temos como mudar os meios pelos quais chegamos a ser o que somos hoje, nem nos aspectos morais quanto menos nos biológicos.

Não devemos “desperdiçar” o que evoluímos através da submissão dos animais. Desde a nossa pré-história até hoje os animais são os nossos maiores “aliados” na evolução, mesmo sendo pouco reconhecidos como aliados e mais vistos como “fonte”.

Olha porque estamos em débito com os animais há tempos...

Eles desde sempre foram e ainda são fonte de alimento.

Eles foram e ainda são fonte de vestimenta.

Eles foram as máquinas de transporte na evolução da nossa agricultura.

Eles foram e ainda são, para muitos, os nossos meios de transporte.

Eles já fizeram o papel que nossos jipes e tanques de guerras fazem hoje, nas nossas guerras.

Eles foram (e são) recursos usados para que a nossa medicina evoluísse.

Eu posso ficar horas pensando no papel dos animais na nossa evolução e mesmo assim não cobrirei tudo.

Não há como eu negar na minha vida em geral tudo aquilo que veio do sacrifício dos animais. Não há porque eu negar usar um remédio que já foi testado no animal. Ele já sofreu, já definhou, já morreu por nós...o que devemos fazer é não testar MAIS neles, é usar a nossa capacidade de achar soluções para que não se usem mais animais para este tipo de coisa.

Outra coisa que escuto é assim: “Eu não gosto nem de gato e cachorro, não gosto de animais e por isto os como.”

Um cara chamado Peter Singer também não “gosta” de animais, não tem um cão e mesmo assim ele é um dos maiores filósofos sobre o movimento de nome Libertação Animal.

Ele diz que não precisamos gostar dos animais, mas temos que respeitar o direto que eles tem a vida e a integridade física.

Confiram o prefácio do livro dele no próximo post. Encorajo todos a lerem para discutirmos!

Outro comentário que recebi foi sobre ser errado ou certo ser vegetariano.

Na minha opinião, uma vez que você tem noção de como funciona uma granja, uma fazenda de criação de porcos ou um abatedouro, você sabe que é certo ser vegetariano. Posso não me "importar" sobre aqueles que moram isolados, afastados, que não tem um computador, não tem acesso a internet ou a TV e por este fato não sabem nem que seja por cima, de onde vem a carne que comemos ou qual é o impacto negativo que as criações de animais pra corte tem na natureza ou o quanto isto poderia mudar a realidade da distribuição de alimentos no planeta...

E mesmo se o animal não sofresse na morte, não seria certo come-lo, uma vez que não descobrimos ainda e tenho certeza de que nunca iremos, quem nos falou que somos os donos do “dar e tirar” o direito a vida.

Então, seja sobre o direito à coisa mais preciosa que temos, a vida, ou seja sobre o bem estar da natureza e de seus recursos, não é certo criar e matar animais para satisfazer a nossa alimentação.

O que pode ser difícil discutir é porque, apesar de sabermos de tudo isto, ainda somos uma sociedade que come muita carne e porque ofende nosso ego o fato de aceitar que isto é errado e tomar a atitude de mudar de hábito.

Outro colega escreveu que o problema é que muitos não se dão conta de onde vem o bife, uma vez que as empresas alimentícias fazem de tudo para que a gente não tenha idéia dos passos que o alimento percorreu desde que era um animal vivo até ser um hambúrguer num fast food. E que este fato não diz que somos “más” pessoas, diz apenas que não olhamos a realidade com olhos inquisidores.
(veja o filme: Naçao Fast Food)

Como escrevi acima, concordo plenamente, mas uma vez que já sabemos desta realidade, não há desculpas.

Era isto, nao acho que vegetarianismo tenha um ponto contra a ser dito. Tirando os "ecochatos", os "ecoterroristas" e aqueles que tiram a carne do cardápio e vivem uma subvida regada de salgadinhos, parar de comer carne só traz benefícios.
 
Quao ruim pode ser poupar vidas?

terça-feira, 13 de julho de 2010

A realidade dói meus olhos



Sabe, a minha cabeca viaja… tenho tanto pensamento que as vezes acho que um dia chegarei a loucura. Acho que meu problema(um deles, claro) é pensar de mais e fazer outras coisas de menos. Um dia acho que serei daqueles que na beira da morte pensam “deveria ter feito mais isto ou aquilo”...ou melhor, acho que todo mundo que tem a oportunidade de pensar na vida sabendo que ela está acabando se arrependem, pois a gente só aprende vivendo e nos meus quase 30 anos, já sei que teria feito muita coisa diferente...

Imagina se a vida me permitir mais uns 50 anos de aprendizados? Vixe, daí terei muita coisa pra me arrepender...e se eu quiser aprender o que a vida já me ensinou, eu farei algo já pra não me arrepender depois.

Os momentos em que eu penso que ficarei louca chegam geralmente depois dos momentos que eu vejo o que o ser humano é capaz de fazer de ruim, de malévolo...geralmente neles é que eu sinto vergonha da humanidade, da minha própria condição de humana e nas coisas ruins ou não suficientes que eu faço ou que me importo.

Daí, me cobro mais, cobro mais ação de mim mesma pra fazer a minha parte, pra contribuir com o bem e tentar, nem que um pouco mais diminuir a maldade na terra.

Aqui vai...

A nossa sociedade vive de matar!!!!!!!
Literalmente: a gente vive de quem está morto!!!!!

Não está certo, ou melhor, é vergonhoso!

Por outro lado, nós seres humanos nos achamos tão bons, cremos que somos tão sentimentais, inteligentes... (eu acho que somos pelo menos, por isto cobro de mim mesma e me indigno com as nossas ações), mas aceitamos, numa boa, ”na nice”, que a maior parte, muitos, zilhoes de pessoas, pessoas que amamos, respeitamos, ouvimos, choramos por elas...aceitamos que elas vivam porque sao nutridas do massacre de milhões de animais!

Eu tô num dilema...como que eu posso fazer a minha parte nao comendo animais e mesmo assim viver junto, amar e respeitar aqueles que comem seres mutilados, torturados????
Vejo uma cena aqui: um cara honesto dentro de um grupo de terroristas...ele só faz as coisas “limpas”, faz a parte honesta dele, pense num contador por exemplo, é como se ele estivesse fazendo o trabalho dele numa empresa lícita.

É assim que penso as vezes....como que eu acho que estou no meu bom caminho sendo que eu fico com a consciência limpa de fazer a minha parte, mesmo que haja tanto bicho sofrendo por ai?

É assim: “ah, eu não mato animal pra comer, mas se eles morrem eu não me importo....”

É isto que vejo com a minha atitude de aceitar a sociedade nossa como é, nutrida todo santo dia por animal morto, sendo repleta de fazendas, esconderijos, laboratórios lotados de animais que sofrem, que são perfurados, que sangram até a morte, que são feito brinquedos pra gente fazer um artigo cientifico dizendo que “o animal parece ter demonstrado o que pros humanos se chama empatia”, ou pra gente mascarar a nossa vaidade atrás de um cosmético que me deixa “1 ano mais bonita” ou pra eu nutrir meu corpo com outro corpo morto, porque “picanha é uma delicia”, “frango a passarinho eu amo” ou “ahhh, presunto parma, me dá água na boca”!??????????

Creeeeeedo, a gente é humano e se acha taaaaaao superior que não somos capazes de não comer um ser que foi morto e talvez torturado e viveu isolado por que o nosso instinto não nos permite????????????????

Se você é uma pooooorrraaaa de um ser digno de ter a "razão", então USE-A.

Se não é capaz de resistir ao instinto de comer algo fruto de tanto sofrimento, então não venha com esta conversa fiada de que somos melhores e mais capazes!

E te digo o oposto: se temos mais pra usar, mais inteligência, mais equilibrio emocional e fazemos isto, então somos “piores” que leões, somos piores que chimpanzés que matam e as vezes torturam outros macacos.

O leão não come outra coisa além de carne...é isto que ele tem pra oferecer...
O chimpanzé as vezes come outro animal....é isto que ele tem pra oferecer...
O ser humano come animal porque QUER...e NAO é isto que a gente tem pra oferecer....

E não me venha com esta:

- ou de que estamos no topo da cadeia alimentar

- ou que dominamos o mundo pois somos mais inteligentes

- ou que comemos animais porque faz parte do processo de evolução DELES!!!!!! (é como espancar alguém e falar que você fez isto pro próprio bem da pessoa...afeeeeeee)

O que a gente é então?

Um bando de cegos arrogantes que se acham deuses e que não enxergam nem um palmo da realidade da nossa própria pobre sociedade.